sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Mário Machado e a extrema-direita


Li com atenção uma entrevista dada por Mário Machado à revista Tabu, do Sol.
Mais uma vez, repito a ideia de que o grave não é a ideologia deste senhor, mas a interpretação que a sociedade faz da extrema-direita e que, curiosamente, não faz quando se fala da extrema-esquerda, que até tem deputados na Assembleia da República, no Parlamento Europeu, preside a Câmaras Municipais e até já se instalou na governação da capital do País. Talvez isso, sim, seja grave e preocupante.
Não vivi no período da ditadura e não conheço palavras como censura e repressão. Mas ouço frequentemente as pessoas a falarem desse tempo com saudade. Até a classe política mostra que as matérias da segurança, saúde e justiça, fulcrais entre as funções que pertencem ao Estado, têm sido um fracasso no pós-25 de Abril. Em vez de reflectirmos, criticamos quem nos aponta para essa verdade inconveniente para a classe política e para aqueles que, como eu, são defensores dos ideais democráticos.
Mário Machado e eu temos uma enorme diferença ideológica, mas há algo que une os nossos pensamentos. Ele, como eu, nessa entrevista diz que melhor regime do que a democracia só uma democracia melhor. Concordo. E concordo porque todos os Partidos devem aspirar a chegar ao Governo. Concordo, porque à direita do CDS, não há mais nenhum Partido no Parlamento, quando poderia estar a Nova Democracia, de Manuel Monteiro, ou o Partido Nacional Renovador, de Pinto Coelho.
Depois desta entrevista, a sociedade comenta o que Mário Machado não disse. O que ele disse de preocupante foi que Hitler continua a ser a sua grande referência. Mas condenou todos os actos que, convenientemente por parte da comunicação social, são conotados com o ódio, existente em militantes de partidos de extrema direita.
Eu não vejo na extrema direita um perigo. Como não o vejo na extrema esquerda. Julgo que todos os ideais devem ser discutidos e todos estes partidos devem ter representação na Assembleia da República. Seria um passo no caminho de uma democracia melhor ou, pelo menos, mais completa. Apesar de podermos não concordar com as ideologias de extrema direita, seria útil para a nossa democracia se a extrema direita tivesse lugar no Parlamento, como, de resto, acontece, com dois partidos, de extrema esquerda.
O crescimento do movimento de extrema direita é da exclusiva responsabilidade da classe política do pós-25 de Abril, que não resolveu problemas e cometeu erros graves. Em Portugal e também lá fora. Basta olharmos para o estado da nossa educação, da saúde e da justiça e segurança, se é que, neste momento, estes conceitos ainda existem no nosso país.
Não concordo com a ideologia de extrema direita, como não concordo com a ideologia de extrema esquerda, mas tenho o dever de as respeitar.
Mas, curiosamente, o que depois de ler esta entrevista me fez ficar realmente preocupado foi o facto de Mário Machado ter estado 20 horas preso ilegalmente. Essa, sim, é uma questão que deve ser debatida. Sem tabús e com respeito. Só assim podemos chegar a uma conclusão sobre o que Mário Machado pensa. E ele pensa que é o único preso político em Portugal...
É uma questão que devemos colocar e que só o tempo e a Justiça poderão ajudar a responder.

1 comentário:

Anónimo disse...

A situação complica-se quando não se aplica a lei. A lei em Portugal diz que podemos pensar e dizer o que nos apetece -sem injúrias. Só nos proíbe ACTOS.
E a lei diz que é igual para todos -o que não acontece em Portugal. Mário Machado tem sido punido pelo que pensa -e isso é crime; e pelo que faz e que noutros casos não é punido -isto também é crime. Temos uma democracia que não cumpre a lei -NÃO SOMOS UM ESTADO DE DIREITO. ISTO É QUE É GRAVE. Destruição de propriedade é um direito, diz o Bloco sobre o assalto ao milho no Algarve; mas é crime no cemitério judaico, não o sendo noutros cemitérios que têm sido vandalizados e furtados do mesmo modo e por outros maus cidadãos.

Qualquer dia ao ver este regime podre punir esta 'rapaziada', o povo pode pensar que eles são bons rapazes. Já aconteceu...