terça-feira, 15 de setembro de 2009

O TGV


Começo por dizer que nunca, em toda a minha vida, andei de TGV.
Já o vi a passar por mim, na Suíça, que é um país rico. Vi, gostei (por ser tão rápido) e confesso que até gostava de ter um daqueles no meu país.
Também na Suíça, vi um Aston Martin lindo de morrer. A sério que vi. Aliás, vi até mais do que um. E confesso que adorava ter um daqueles.
Mas, mesmo que me emprestassem dinheiro, eu não o poderia ter. Não tenho dinheiro para isso. E mesmo pondo a hipótese que me emprestavam muito dinheiro, eu, optando por comprar o Aston Martin (e o combustível que gasta), não teria dinheiro para aquelas despesas do dia-a-dia e, sendo estudante, iria pedir um esforço enorme aos meus pais para que eu não morresse à fome.
Vi há pouco, na TVI24, que o investimento no TGV seria de 7700000000 de euros. E vejo agora, na SIC Notícias, que, se Portugal desistir do fundo deixa de receber 300000000 de euros. Ou seja, em vez do segundo 7 do número de cima, estaria um 3. Fora os 7 que estão à esquerda e aquela quantidade "excêntrica" de zeros à direita.
Importa ter em conta que, em 2008, o endividamento português representava 97,2% do Produto Interno Bruto, número que seria agravado se optássemos por pedir emprestado aquele número de 10(!) algarismos. Em euros. Numa altura de crise, em que o crédito custa muito dinheiro.
É sempre mais fácil (para alguns) decidir quando o dinheiro não é nosso. Eu, pessoalmente e tendo em conta os recursos que tenho, não iria viver bem se comprasse, agora, um Aston Martin. A única parte que sairia bem desse negócio seria a empresa que o fabricou e a que o vendeu. Nunca eu.
Com o TGV, ganhariam os espanhóis que, tendo cometido o erro irremediável de o fazer, iriam, esses sim, perder dinheiro. Dinheiro real. Porque a decisão está tomada e já está em marcha. E ganhariam as empresas que concorressem, que, para que se saiba, entre elas, uma é a Mota Engil do Jorge Coelho(outra vez?) e outra é uma empresa espanhola. Com o TGV, agora, hipotecava-se o meu futuro e o dos meus filhos e netos à custa de ainda mais endividamento. E não há nada que demonstre que o TGV seria um investimento reprodutivo. Que é o mesmo do que dizer que se gastava uma fortuna para depois se continuar a perder dinheiro.
Em suma, o que eu queria dizer é que não me sinto mal se não tiver aquele Aston Martin. E não me sinto nada isolado da Europa agora que não tenho TGV. Mas sou negativista, pessimista e retrógrado porque penso assim.

1 comentário:

Alexandre Poço disse...

Na Suiça tive a opurtunidade de andar de TGV. Se gostei? Sim. Se gostava que existisse em Portugal? Sim.

Contudo não existem condições económicas para tal megalomania.

No tempo dos faraós, o faraó mandava construir monumetos e milhares e milhares de escravos trabalhavam para satisfazer o desejo do seu amo.
No Séc.XXI, em Portugal, o primeiro-ministro quer um TGV e gerações e gerações de Portugueses terão de pagar devido aos seus caprichos.

Se é esta a "modernidade" que fala quando acusa o PSD de ser retrógado, então vamos todos ser retrógados e tudo o que o Senhor Engenheiro quiser, mas não poderemos deixar é que o futuro do país fique hipotecado devido às loucuras de um homem e da sua trupe socialista.

Abraço